Introdução
Por Dr. Juliano C. Ludvig
Médico, Especialista em Gastroenterologia
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são um grupo de doenças que acometem o sistema digestório, preferencialmente os intestinos, caracterizadas por apresentar manifestações inflamatórias nas paredes dos órgãos afetados. Didaticamente dividimos as DIIs como sendo as de causas conhecidas (ex. colite actínica, colite microscópica) e as de causa não totalmente esclarecidas (ex. Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa). Nesse artigo relacionaremos apenas a Doença de Crohn como exemplo de Doença Inflamatória Intestinal.
O sistema digestório compreende vários órgãos que tem como principais funções receber os alimentos, realizar reações químicas (digestão), absorver os nutrientes preparados e executar a eliminação dos resíduos (fezes). Para tal possui órgãos tubulares (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) por onde os alimentos e posteriormente as fezes são conduzidos e os chamados órgãos anexos (glândulas salivares, fígado, vesícula, pâncreas) que auxiliam o processo digestivo através da produção e liberação de sucos (enzimas) sobre o bolo alimentar. É importante conhecermos a anatomia do trato digestório e suas funções pois doenças nestes locais irão causar diferentes formas de apresentação, sintomas e consequências em nosso organismo.
O processo de digestão já se inicia na cavidade oral, onde o ato da mastigação amassa o alimento, cortando-o, macerando e reduzindo em pequenos fragmentos, facilitando de imediato a ação de enzimas digestivas encontradas na saliva.
Na sequência, esse bolo alimentar é encaminhado ao esôfago que irá transportá-lo até o estômago. Neste ponto que ocorre a maior parte do processo de digestão, pela ação do potente ácido gástrico (clorídrico) e de várias enzimas resultando na transformação do alimento em um composto pastoso/líquido. Tais reações é de fundamental importância para que o próximo órgão, o intestino delgado, consiga absorver os nutrientes adequadamente.
Para isso, conta com auxílio da ação da bile (vesícula biliar e fígado) e suco pancreático (pâncreas) e de sua grande extensão e diferentes e especializados locais de absorção (duodeno, jejuno e íleo). Após ocorrer o processo de absorção de nutrientes, o resíduo que agora apresenta aspecto líquido (fezes líquidas), será encaminhado e liberado no intestino grosso (cólon), onde através de movimentos propulsores e processo de reabsorção de água pelas paredes, irá transformar e armazenar as fezes em consistência pastosa/sólida até sua expulsão pelo reto (defecação).
Dr. Juliano C. Ludvig é Médico, Especialista em Endoscopia Digestiva pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED e Especialista em Gastroenterologia Clínica pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG. É Coordenador Regional da ABCD - Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn. É Membro Titular do GEDIIB - Grupo de Estudos das Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil. É Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital Santa Isabel e Presidente do Centro de Estudos do mesmo hospital. Tem Residência Médica em Clínica Médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e Residência Médica em Gastroenterologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Também é International Member of the American College of Gastroenterology e International Member Of the ECCO - European Crohn’s and Colitis Organization.
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