Tratamento
Por Dr. Juliano C. Ludvig, Dra. Luiza D. Perini, médicos, especialistas em Gastroenterologia
e Dra Katia Cibele Cisz, médica, especialista em coloproctologia
A doença diverticular do cólon pode se manifestar de diversas formas, e o tratamento baseia-se conforme a apresentação clínica e suas complicações. Por esse motivo é de muita importância o acompanhamento multiprofissional principalmente nos casos de complicação da doença como na Diverticulite aguda e no Sangramento Diverticular.
1. Diverticulose:
Pacientes com diverticulose que não apresentam sintomas não necessitam de tratamento específico. No entanto a adesão a um estilo de vida saudável como atividade física regular, perda de peso, não fumar e evitar o uso desnecessário de medicamentos como antiinflamatórios não esteroides. É importante manter consumo adequado de fibras na dieta, ajudando dessa forma na consistência e volume das fezes, movimento adequado do intestino e possivelmente prevenindo o desenvolvimento de novos divertículos, diverticulite ou sangramento diverticular.
Pacientes com doença diverticular têm sido historicamente aconselhados a evitar sementes por causa da preocupação de que esses alimentos possam causar um episódio de diverticulite. No entanto, essa crença é completamente não comprovada. Por isso não se orienta que os pacientes com diverticulose evitem a ingesta de sementes.
2. Diverticulite Aguda
O tratamento da diverticulite é baseado em diversos fatores, incluindo estado geral do paciente, sinais e sintomas, resultado de exames de imagem e laboratoriais.
Nos casos leves, sem complicações, em paciente sem outras comorbidades, pode ser feito tratamento ambulatorial com dieta adequada e antibióticos orais, no entanto é importante uma avaliação médica frequente para observação da evolução do quadro.
Nos casos graves, com complicações ou outros sinais de alarme, o tratamento deve ser feito hospitalar com antibióticos endovenosos, analgésicos, hidratação endovenosa, dieta e avaliação da equipe da cirurgia. Em alguns casos, pode ser necessário a realização de drenagem percutânea do abscesso, mas nos casos mais graves, o tratamento cirúrgico deve ser realizado de urgência.
Após a resolução de um episódio de diverticulite aguda, deve-se programar uma colonoscopia para avaliação de outras doenças que podem estar associadas.
3. Sangramento diverticular
A maioria, 70-90% dos pacientes com sangramento diverticular apresenta parada espontânea do sangramento. No entanto, 25% dos pacientes mantém sangramento e necessitam de alguma terapêutica adicional. Por isso recomenda-se alguma forma de atendimento médico, não devendo aguardar demasiadamente a melhora expontânea.
4. Colite segmentar associada a divertículos ou colite diverticular
A maioria dos pacientes parece responder à terapia com medicamentos, mas aproximadamente um terço dos pacientes podem apresentar recidiva dos sintomas. O tratamento ideal da colite segmentar associada à diverticulose não foi ainda bem definido, mas é baseado no uso de antibióticos, mesalazina, corticoesteróides e em casos refratários avaliação de cirurgia.
TRATAMENTO CIRÚRGICO DA DOENÇA DIVERTICULAR
Até 30% dos pacientes com um primeiro episódio de diverticulite poderão apresentar um segundo episódio. O tratamento cirúrgico de urgência é mandatório se surgirem complicações, que incluem:
1. Perfuração com peritonite (infecção) generalizada;
2. Obstrução intestinal;
3. Abscesso não controlado por drenagem percutânea;
4. Fístulas;
5. Piora progressiva ou ausência de melhora com tratamento clínico agudo.
A cirurgia eletiva (que pode ser agendada) é a situação mais comum nesta patologia. As indicações cirúrgicas mais freqüentemente incluem:
1. Diverticulite grave o suficiente para levar a hospitalização;
2. Diverticulite associada à perfuração;
3. Sintomas obstrutivos;
4. Incapacidade de diferenciar entre diverticulite e câncer;
5. Dor crônica, sem sucesso ao uso da medicação sintomática; piora da qualidade de vida.
As opções cirúrgicas variam dependendo se a indicação é de urgência ou eletiva. Geralmente a cirurgia eletiva envolve a ressecção/retirada do cólon sigmóide. O procedimento pode ser realizado preferencialmente por via laparoscópica, mas pode ser também realizado por via aberta dependendo do grau de inflamação e fibrose do segmento intestinal.
Na urgência, há algumas opções cirúrgicas que podem ser realizadas dependendo do segmento intestinal acometido e suas complicações.
As opções de tratamento envolvem a necessidade de ressecção primária na cirurgia inicial e realização de um procedimento em um, dois ou mais tempos. A ressecção primária (retirada do segmento intestinal inflamado e infeccionado) é aceita hoje como padrão e tem sido demonstrada em diversos estudos que estão associados a menor tempo de internação hospitalar, menor morbidade e mortalidade.
Após a ressecção do cólon acometido caberá ao cirurgião determinar se irá realizar uma anastomose (sutura) entre o cólon e o reto, ou não. Mesmo que realize uma anastomose esta pode ser “protegida” por um estoma (ileostomia) em alça, a fim de diminuir a magnitude das complicações caso ocorra uma deiscência.
Se não houver anastomose entre cólon e reto, o cirurgião realizará uma colostomia terminal temporária – ou também chamada de cirurgia de Hartmann. Nestes casos a colostomia é fechada tardiamente em uma segundo tempo (geralmente cerca de 3 meses após), com restauração da continuidade do cólon.
A decisão sobre anastomose ou estoma leva em consideração o julgamento das condições locais, das condições clínicas do paciente, além da preferência do cirurgião.
Alguns trabalhos prévios sugeriam que a lavagem e drenagem da cavidade por laparoscopia, seriam benéficas ao paciente, pois evitaria uma colostomia. No entanto a colectomia continua sendo preferencial, seja minimante invasiva ou não.
Dra. Kátia Cibele Cisz é coloproctologista com atuação em Doenças Inflamatórias Intestinais e Membro Titular do GEDIIB.
Dra. Luiza D. Perini é Médica, Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, Membro da diretoria da Acelbra-SC (Associação Brasileira dos Celíacos de Santa Catarina). Também é membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia, membro do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB) e International Member of the merican Pancreatic Association (APA).
Dr. Juliano C. Ludvig é Médico, Especialista em Endoscopia Digestiva pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED e Especialista em Gastroenterologia Clínica pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG. É Coordenador Regional da ABCD - Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn. É Membro Titular do GEDIIB - Grupo de Estudos das Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil. É Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital Santa Isabel e Presidente do Centro de Estudos do mesmo hospital. Tem Residência Médica em Clínica Médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e Residência Médica em Gastroenterologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Também é International Member of the American College of Gastroenterology e International Member Of the ECCO - European Crohn’s and Colitis Organization.
Contatos e solicitações de agendamento
Descreva em detalhes sua solicitação ou contato. Responderemos assim que possível através de um dos dados de contato informados abaixo.
Canais de atendimento
Para fazer um agendamento de consulta, por favor utilize uma das formas de contato mostradas nesta seção.
Nosso horário de atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 18h.
Ed. Stein Tower - Rua Mal. Floriano Peixoto, 222 Sala 1203
Centro - 88160-076
Blumenau - SC